domingo, 2 de setembro de 2007

Nos States (1ª parte)

O EUA nunca esteve no topo da minha lista de “lugares que quero conhecer”. Minto, havia NY, que sempre chamou minha atenção pelo Central Park e sua famosa maratona. Mas, por obra do destino, “Tio Sam” foi o primeiro a carimbar meu passaporte.

Acontece que por uma oportunidade de trabalho, com o propósito de participar de um curso sobre empreendedorismo, na universidade Babson College, este ano fiz minha primeira viagem internacional. O destino? Boston, com direito a uma visitinha a Nova York.

A capacitação foi excelente, Babson é tudo que se espera de uma universidade, seja pelas suas instalações, limpeza, organização, beleza e qualificação do corpo acadêmico. Mas, não é do aspecto intelectual dessa viagem que quero falar e sim das aventuras. Teve de tudo, bagagem extraviada, avião quebrado e até o homem da mala vermelha.

Começando do começo... Como não podia deixar de ser, os dias que antecederam a ida para o EUA foram de ansiedade. O fato de não estar fluente no idioma, pra não dizer totalmente travada, potencializou ainda mais a angústia. Minha tábua de salvação seriam os dois companheiros de viagem: Marcos e Renata.

Acostumada a acordar cedinho para treinar, naquele sábado, levantar da cama às 3h30 da manhã para estar no aeroporto às 5h não foi nada demais. De mala pronta, com o suficiente para 10 dias nos States e espaço bastante para trazer umas “comprinhas”, passei na casa do amigo. Nessas horas, sempre impressiona a praticidade masculina. A mala do Marcos (não o mala do Marcos) tinha metade do tamanho da minha.

Bem, tentando fazer uma analogia, posso dizer que nossa viagem aos States é comparável a uma corrida de aventura, onde o que vale é a resistência, a paciência e o espírito de companheirismo.
Os desafios começaram no aeroporto. O avião que nos levou para São Paulo, nossa primeira escala e onde encontraríamos a Renata, chegou à cidade às 8h e pouco da manhã, mas só embarcaríamos para NY, nossa segunda escala, às 21h30.

Ficamos os três nos sentindo o próprio Tom Hanks, no filme “O Terminal”. O detalhe é que eu e Marcos tivemos de ficar com as malas aguardando pelo embarque internacional, que só começaria às 17h30. Então vamos contabilizar... 13 horas de espera no aeroporto de Guarulhos, nove delas arrastando nossas tralhas pra cima e pra baixo. Maravilha! Aliás, para Marcos, aquele foi um ensaio do que estaria por vir. As malas foram a sensação dessa viagem.

Mas até então tudo era festa. Todos na expectativa, animados e com energia suficiente para agüentar as cerca de 10h de vôo para NY. Alias, foi ai que começamos a perceber as diferenças entre o terceiro e o primeiro mundo.

Se o Brasil perde na qualidade da comida servida dentro das aeronaves, ganha de lavada nos quesitos beleza, aparência e atendimento das nossas comissárias de bordo. Algumas das senhoras aeromoças norte americanas pareciam ter saído de um filme de terror. Já no quesito overbooking, Brasil e EUA empataram. Eu, Marcos e Renata fomos testemunhas disso. Nossos acentos foram vendidos duas vezes. A pergunta era: quem sentaria no colo de quem? Bem, meus amigos tiveram um “desagradável” remanejamento da classe econômica para a classe executiva, enquanto eu fiquei no meu lugarzinho... De segunda.

A noite dentro de um avião nunca é tão agradável, ao menos para quem tenta dormir nas poltronas da classe econômica. Por isso, a chegada a NY foi um alívio. O embarque para Boston (até quem fim) levaria apenas duas horas, o que no total contabilizaria quase 36 horas de viagem.

Nesse meio tempo fomos apresentados ao “cafezinho” americano e além de descobrir que o café dos vizinhos do primeiro mundo é ralo, descobrimos também que nunca se deve pedir a versão “big” (grande), porque o “small” (pequeno) deles já é suficientemente gigante.

Bem, salvo aquelas coisinhas desagradáveis como ter de tirar os sapatos para fazer o reembarque e o fato da minha operadora de celular ter me deixado na mão, tudo correu bem até a chegada em Boston. Chegada em termos, porque minha mala... Essa resolveu curtir um pouquinho mais de NY e não chegou ao nosso destino. Ótimo! Seria a primeira oportunidade de experimentar o idioma. Na sessão de malas perdidas, tentava estabelecer um diálogo razoável com o atendente, Tavares, e Marcos me ajudava nessa árdua missão, até travar tudo.

Fabi: Marcos, o que foi que ele disse?
Marcos: ???
Fabi: Ai meu Deus... E agora?
Marcos: repeat, please???
Tavares: &*$#&%!
Fabi: Entendeu?
Marcos: Não.
Tavares: Perguntei aonde vocês vão ficar em Boston (em bom e claro português).

O cara era brasileiro, mineiríssimo... Encontrá-lo foi como, criança, estar perdida no supermercado e dar de cara com minha mãe.

Continua...

Um comentário:

  1. Só sei que quando crescer, quero ser igual a você... Texto perfeito, narração perfeita, história perfeita, pessoa perfeita... Buuuniiitaaa, estes textos dão um livro... bjos e sucesso (se é que vc precisa de mais rsrsrsrsrs)

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