quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Nos States (2ª parte)

Apesar do desconforto de estar em um país estranho, até que estava conformada com a situação. Tavares, depois de nos fazer penar um pouquinho, foi solidário e prestativo. Segundo ele, a bagagem deveria chegar naquela mesma tarde e até 20h seria devolvida a mim. Claro que a notícia, embora não fosse das piores, preocupou um bocado porque a cerimônia de abertura do curso seria realizada naquele mesmo dia, às 18h. Bem, depois de quase dois dias de viagem, minhas roupas, impraticáveis, já caminhavam sozinhas.

De qualquer forma o remédio era tentar manter a calma. Então, almoçamos e do aeroporto fomos para a universidade de Babson College, que fica em um distrito de Boston chamado Wellesley. As primeiras impressões da cidade foram excelentes, tanto que merece entrar para a lista de “lugares que quero conhecer”. Limpa, com ruas largas, bem cuidadas e uma arquitetura bela, não fosse as bandeiras norte americanas hasteadas na fachada de 8 entre 10 casas, poderia dizer que estava em uma cidade européia.

Não custou muito para chegarmos a Babson, onde seria realizado curso e onde também ficaríamos alojados. Quer dizer, alojados não, hospedados, com o conforto de um hotel cinco estrelas. Dentro da universidade foi construído um centro de educação para executivos – Executive Conference Center - com toda infra-estrutura de um hotel de luxo, mas sem aquela chatice de pagar horrores por um copo de água. Aliás, café, chocolate, sorvete, frutas, entre outras guloseimas eram disponibilizadas para os alunos sem custo (direto, claro!). Mordomia das boas e merecidas.

Depois de nos acomodarmos é que fomos realmente perceber o quanto estávamos cansados, pra não dizer um bagaço. No meu caso, somando o cansaço + o extravio da mala + mais uma gripe que me congestionava cruelmente há cinco dias + o esforço de manter-me calma + três dias sem treino (ou seja, energia acumulada até a tampa)... Estava pronta para explodir. Não fosse a “Santa Renata”, amiga e companheira de quarto – que, aliás, deveria ser canonizada - eu teria perdido as estribeiras. A “bunita” não apenas me emprestou algumas roupas como soube administrar meu estresse com a sabedoria de quem e mãe do Gabriel.

Mas, embora o carinho da amiga, a qualidade das instalações e do jantar servido aos participantes do curso - todos brasileiros - nada foi capaz de me animar naquela noite. Queria apenas “aquele colo”e minha malinha queridinha de volta. Deu 20h e nada, 21h, 22h, 23h e nada... Fazer o que? Sem colo e sem mala, a solução era tentar dormir. Na manhã seguinte acordei como uma criança em dia de Natal, direto em busca dos presentes deixados sob árvore. Mas que presente? Nada de presente, digo nada de mala. Nessa altura do campeonato ninguém ousasse me chamar de feia porque corria risco de morte. Mas ao menos a Santa Renata parecia ter previsto a situação. Na sua mala havia mais roupa do que o necessário e algumas delas na minha numeração. Então, lá fui eu novamente vestida de Renatinha para a aula, até, finalmente, receber minha mala, lá pelas tantas da manhã. Ufa! Que alívio. Nada pior que sentir-me dependente. Finalmente era dona das minhas próprias roupas e, tranqüilizada, pude aproveitar melhor o que Babson e Wellesley tinham a nos oferecer, incluindo belos lugares para a corridinha matinal.

Bem, disse a vocês que não iria me ater aos detalhes intelectuais de Babson, que foi em si uma experiência excelente, seja pela didática dos professores, pelos temas abordados e pela oportunidade de interagir com profissionais de áreas tão distintas. Ah! Claro, pela comida também. E haja comida! Além dos fartos e deliciosos café da manhã, almoço e jantar, cada intervalo para o “cafezinho” era um atentado a boa forma. Estudar e comer , comer e estudar ... Essa foi a rotina durante os cinco dias de Babson.

Mas além das aulas, eu, Renata e Marcos, passamos a semana organizando a parte “exploratória” de nossa viagem. Estava em nossos planos, depois de terminado o curso, passar um dia em Boston e seguir para NY. Rezando para que, dessa vez, minha mala me acompanhasse.

Em Babson acabamos descobrindo outros companheiros para nossa aventura, como Carolina, Fabiano e Anésio. O roteiro dos rapazes, além de Boston e NY, incluía uma viagem de carro pela Costa Leste dos EUA. Carol, nos encontraria em NY.

Como quem tem boca vai a Roma, com as dicas que recebemos, conseguimos fazer a reserva em num hotel no centro da cidade (dessa vez, sem os mesmos confortos e regalias de Babson) e compramos passagens para NY em um trem que sairia de South Station às 15h da sexta-feira. Ou seja, tínhamos apenas a tarde e noite da quinta e a manhã de sexta para tentar conhecer um pouquinho da cidade. Então dormir não era bem nossa prioridade.

Apaixonante. É assim que posso descrever o centro de Boston. Caminhando pelas ruas da cidade é que se percebe o sentido da palavra civilização. Bicicletas transitando em harmonia com os carros, sem barulho de buzinas ou lixo esparramado pelas calçadas. Um exemplo claro da relação saudável entre cidadão e estado é o sistema de transporte, em que os ônibus circulam sem cobrador. Uma vez que todos sabem que é preciso pagar para utilizar o serviço, cada um faz seu papel e pronto. Simples assim.

Apesar do pouco tempo, conseguimos conhecer a famosa universidade de Harvard, onde até os esquilos são intelectuais, e os principais pontos turísticos (e lojas, claro) de Boston. Anésio e Fabiano foram nossos guias, que hora orientavam e outras nos desorientavam.

Como tudo próximo, taxi não era uma alternativa inteligente. Caminhar pela cidade era a melhor forma de explorar os detalhes. Nossa idéia era fazer parte do Freedom Trail, uma caminhada, de 4 km, que passa pelos principais pontos turísticos históricos de Bonston. É possível fazer o passei sem ajuda de guias, já que o caminho é indicado com uma faixa vermelha pintada no chão. Com um mapa nas mãos, bastava seguira faixa e desvendar por si mesmo o cenário local.

Até que tentamos e quem surpreendeu mesmo foi Renata. Minha amiga, que pega um taxi para atravessar as pistas da Avenida Paulista, enfrentou a “maratona” sem deixar a bola cair. Quer dizer, não foi bem assim, já no fim da manhã de sexta, depois de horas num sol de rachar, nos rendemos e embarcamos em um daqueles ônibus de tour convencional. Mas não era o Duck Tour, carros anfíbios da Segunda Guerra Mundial adaptados para transportar pacíficos turistas. Afinal, o mico não poderia ser tão grande.

No fim das contas, moídas, pagamos U$29 para descansar um pouco e conhecer lugares que nossas pernas se recusavam a levar, como Public Garden. E Marcos? Bem, nosso amigo optou por uma visita ao museu marinho e nos encontraria na estação.

Rendidas ao cansaço, ao fim do passeio já não éramos mais gente... E pela frente ainda tínhamos uma viagem de 3h30 de trem até NY... Onde, ai sim, começamos a entender o verdadeiro o sentido da palavra mala.

Continua...

Um pouco de Boston.

Desorientados no metrô.

Exploradores em Harvard.

Duck Tour: esse mico não pagamos....

2 comentários:

  1. Legal! Viagem só presta com aventura.
    Beijão

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  2. Ontem, fui à Arapiraca visitar uns minimercados e na volta, fiquei lembrando de você... como você contaria um dia de aventura em minimercados, como o Mercadinho do Carlos patrocinado pelo slogan "O gostosão da dona de casa", e o mercadinho da Baixada que para entrar lá, o próprio dono diz que "precisa de colete à prova de bala"... bem... não é Boston, nem NY, mas garanto que seu relato sobre uma experiência como esta, em Arapiraca, seria espetacular... rsrsrsrsrs bjoooooooooooo

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