domingo, 15 de maio de 2005

Areia fofa ou lama remexida?

Depois de alguns fins de semana parada, sem muitas aventuras, ontem tirei o pé da lama. Ou melhor... meti o pé na lama. Trilha lá pras bandas de Pilar, cidade há 34km de Maceió. O cenário é daqueles abençoado por Deus, mas para desfrutar aquela maravilha, claro, tinha um preço.

Pra variar... a idéia inicial era uma trilha leve. Eu, Tavares, Pinho – Os Bandeirantes, além de Aldo e outros dois figuras que conheci quando cheguei no Corpo de Bombeiros – nosso ponto de largada. Apesar de estar com tudo programado - pedal da Volta da Lagoa, trekking e remo - na saída, deu a louca e mudou tudo.

Tavares: que tal fazermos a trilha para Pilar?
Fabi: a do areão?
Tavares: é... mas como o tempo anda chuvoso a terra vai estar batida.

Nessas condições... a promessa era de ter um pedal facim facim.
Mais quando? Ledo engano! Não havia areão, mas no lugar... barro, lama (muita) e água (muita água). Depois de ontem uma dúvida: o que seria pior? Areia fofa no calor? Ou lama remexida - quase uma areai movediça - no mormaço?

Como diria Laércio... a trilha foi totalmente “adventure”. Mas no bom e velho português defendido pelo mestre Ariano Suassuna, aventura total. Além da lama, das ladeiras, dos riachos... porteiras. Muitas delas... para todos os gostos. E, onde há porteira... claro, há boi, vaca e todos os outros primos e primas. E, cla-ro, seus rastros. O que significa dizer... muita bos... muito esterco, pra ser mais bonitinho e educado.

Então já viram né? Lama + esterco + barro + água + pneu de bicicleta...

Quando tínhamos um pouco de sorte, ao lado do lamaçal encontrávamos uma moita de grama, o que ajudava a diminuir a sujeira. Com muuuita sorte, encontrávamos uma ponte kamikaze como alternativa para a travessia dos riachos. Aliás, fiquem sabendo que já to ficando mocinha. Suspendendo e atravessando a bike sozinha pelas pontes (leia-se: um pedaço de coqueiro sobre um riacho) - resultado de uma técnica nova que aprendi com o “Tosco Men”.

Mas... o visual recompensava tudo. Tempo ameno, fizemos metade do pedal margeando uma das lagoas mais bonitas de Alagoas – se não a mais – trechos que passam por trilhas cobertas pelos resquícios de Mata Atlântica.

Além da paisagem, as companhias foram um show a parte na aventura de domingo. Falo dos três figuras além dos bandeirantes – batizados por Romnel como Didi, Muçum e Zacarias (Os Trapalhões).

Logo no começo da trilha, um dos figuras decidiu encher a mochila com mangas. Naquele instante já deu pra sentir o perfil do moço, totalmente inexperiente no assunto. Medo de morrer de fome? Talvez fosse. Mas o detalhe é que eles esqueceram que além da fome, pedal também dá sede e muita sede. Daí vocês já imaginam o que aconteceu....

A mistura de pressa + inexperiência em trilha + auto suficiência espírito de equipe... não poderia render outra coisa se não... quedas. Muitas. Pra todos os gostos. Desde vôos espetaculares na lama até aterrissagem no fundo do rio. Coisa de cinema e uma nova modalidade: a aqua bike.

E ainda há quem desacredite, ou simplesmente não perceba, que o esporte antes de ser uma mera atividade física é um sinônimo de integração social. Por mais individual eu seja a modalidade, vale lembrar que aqueles que fazem história e ficam na memória são os que compartilham suas experiências e colaboram para o crescimento de quem está ao seu lado.

Nesse domingo, pela primeira vez tive o desprazer de ver um exemplo que vai contra tudo isso.

Bom... mas e a volta? Lama de novo? Não! Asfalto.
Se foi mais tranqüilo? Bem, não podemos chamar de tranqüilo um pedal de 32km contra o vento.

Chegamos em Maceió – Eu, Pinho e Tavares – às 12h20. Eu... não vou mentir... completamente moída.

Os Trapalhões? Ficaram no caminho... para beber uma cerva. Típico!

Quanto a dúvida inicial: areia fofa no calor ou lama remexida no mormaço? Ainda não tenho a resposta.



Esse visual, fotografado pelo Wladimir Togumi, foi o que motivou o "domingo adventure" e a recompensa pelos sufocos.