Passado certo tempo de relacionamento, agora começo a ser “aterrozida” com aquela pergunta clássica... “E o bebê, quando chega”?
- Como é?! Mas eu nem sabia que ele estava a caminho. Ninguém me avisou nada.
Ou então, basta uma colega de trabalho engravidar e lá vem a clássica... “Você será a próxima, viu”? Alguns, mais cruéis, ou inconformados, dizem... “Ainda vou ver você com trigêmeos”. Imaginem então a minha atual situação, convivendo com três gestantes na mesma empresa.
Alguém precisa dizer pra essa gente (eu já cansei de tentar) que namoro+casamento nem sempre é (imediatamente) igual a filhos+fraldas+choramingos+noites em claro.
Nada contra. Absolutamente! Acho a gestação uma coisa mágica, lindíssima. E que os filhos são divisores de água em nossas vidas. Que além das fraldas e choramingos têm as gargalhadas, as descobertas e a vivência do amor. Também sei que tudo tem um prazo de validade, inclusive os hormônios.
Mas, sinto que, às vezes, estamos tão bitolados no padrão “ensinado”, que não pensamos naquilo que verdadeiramente nos motiva.
Vejo meninas de 20 anos, solteiras e desesperadas, achando que vão ficar para titia. Resultado: Casam-se com o primeiro sapo, quer dizer, príncipe encantado que aparece pela frente.
E embora conheça mães admiráveis, que me inspiram, também ouvi mulheres aspirando à maternidade, pois assim “nunca mais ficariam sozinhas”. Santo Deus, quanto egoísmo! Resultado: Mães possessivas que transformam seus filhos em bichinhos de estimação ou em moeda de troca no relacionamento. É cruel, mas é verdade.
Vitor, um pequeno notável de 11 anos, na sua grande sabedoria, disse à avó:
“O homem e a mulher deviam fazer uma prova para saber se podem ser pai e mãe. E se não passassem na prova, eles não poderiam ter filhos”.
É isso aí Vitor, você disse tudo. Afinal, há muita gente maluca no mundo. Muita gente despreparada, carente, infeliz e cheia de “marcas”. Homens e mulheres ignorantes sobre si mesmo. Pessoas que precisam de um pai e não de um filho.
Esse negócio que, quando chega a hora, desenvolvemos o instinto necessário para educar os filhos... é balela. Ou melhor, até tem um fundo de verdade. Desenvolvemos instintos. Instintos que nos ajudarão a cuidar dos filhotes e ensiná-los a sobreviver no mundo, sozinhos. Mas e o resto, como fica?
Quem vai ensinar a eles que às vezes precisamos adiar certos prazeres? Ensiná-los que quando evitamos encarar a dor, adiamos o nosso crescimento. Que disciplina doméstica e autodisciplina são coisas completamente diferentes, e que sem essa última não podemos resolver coisa alguma na vida.
Quem vai dizer aos pequenos que para serem amados não precisam ser “bonzinhos” e falar sempre coisas agradáveis? Que eles podem e devem expressar seus sentimentos e idéias, mesmo sendo contrárias as suas. Mas, que precisam assumir a responsabilidade pelo que são ao invés de transferi-la para o vizinho.
Alguém precisa dizer a eles que a honestidade não é indolor, mas, que mentir para nós mesmos é ainda mais doloroso.
Jean Piaget, um grande educador, estudioso do desenvolvimento cognitivo, dizia que a educação de uma criança começa 20 anos antes dela nascer, com a educação dos seus pais. Concordo! Pais despreparados (emocionalmente) geram filhos neuróticos ou com desordem de caráter, porque, sem perceber, descarregam sua carência, seus medos, sua solidão e seu vazio nas pobres crias.
E depois o mundo fica se perguntando o que está acontecendo com a nossa sociedade.
O que acontece vai mais ou menos por aí. Pais transferindo para os filhos suas feridas inconscientes, abertas por gerações.
De quem é a culpa? De quem, hoje, consegue perceber essa “falha” e nada faz a respeito.
Então gente, na conta de Piaget, eu ainda estou passando pelos 15 anos. Tenham paciência porque meu objetivo é dar filhos melhores ao mundo.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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Valeu Fabi,gosto muito dessa sua maneira responsável e objetiva de enxergar o mundo ,mesmo que isso as vezes soe de forma radical para a maioria.
ResponderExcluirSou suspeito ,pois pertenço a essa minoria que pensa como você,mas não tenho dúvida que se conseguissemos propagar essa visão sobre as responsabilidades da materpaternidade para um numero maior de pessoas,talvez daqui a alguns anos nosso planeta entrassa numa era de recuperação ,a caminho daquele ideal conclamado.
Beijos Itamar
Bem, como estou do outro lado da força (daquelas que optaram pelo o inverso: filhos, casa, casamento) necessariamente nessa ordem, externalizo aqui meu sentimento de que, apesar de termos efetivamente muita clareza (como vc) no que dizemos ou escrevemos... mesmo sabendo de que a idéia é dotar o mundo de pessoas melhores e íntegras, não podemos esquecer de que as ESCOLHAS daqueles de terem filhos (conscientes ou inconscientementes), daqueles de fazerem insseminação para aquele rebento tão sonhado, ou até mesmo daquela criança que está à espera de alguém ou de uma família, devem ser louváveis também... Como disse Márcia Neder "uma boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo..." Espero passar para minhas duas filhas, desejadas e amadas, que eu e seu pai estamos as criando para serem livres. Esse é meu maior desafio e a principal missão de minha casa. Ao aprendermos a ser "desnecessários" nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar. O amor é um processo de libertação permanente e o vínculo entre pais e filhos nãó pára de se transformar ao longo da vida. Da mesma forma se aplica a casais.
ResponderExcluirBeijos amigona.
De mim não haverá mais cobranças!!! kkkk
Amiga Gi... vc não me cobra, fique tranquila. Foi é uma das muitas que me inspiram à maternidade. Concordo com você sobre "tornar-se desnecessária".
ResponderExcluirQuando chegar minha hora, espero conseguir conduzir essa missão tão bem quanto você.
Mas o assunto não fica por aqui... você acaba de inspirar novos assuntos para o blog.
Bjos
Bem... sou suspeita para falar deste assunto... o fato é que ser mãe faz parte de meu planejamento de vida e é meu maior sonho e disso todo mundo já sabe... Apesar de não existir fórmula mágica para sermos pais corretos e perfeitos, sei que o amor, o bom senso e a não propagação do egoísmo, ajudam para fazer as escolhas certas na hora de educar. Bem, deixando de lado a personalidade neurótica já ajuda a sermos pais melhores. Vou correr o risco de colocar alguém em risco... até porque acho que vale à pena refletir sobre tudo o que foi dito acima. De fato, filhos são uma questão de escolhas, mas se optar por ela, faça com responsabilidade porque é uma escolha para a vida toda e com efeitos subjetivos. Suas ações refletirão em alguém... não os culpe por suas frustrações, nem queira se realizar neles... lembre-se da individualidade do ser...
ResponderExcluirbeijos Fabi
Isis Correia
Fabi,
ResponderExcluirAcredito que você será uma mãe e tanto, que bom se todos os pais pudessem refletir dessa forma, antes de fazer essa escolha. Comigo não foi assim. e ao ser mãe repeti, muitas vezes o modelo aprendido com a minha mãe, sei errei e ainda vou errar, mas agora com mais consciência e procurando acertar.
Estou vivênciado a fase mais difícil, até agora, ser mãe de uma adolescente e acabo tento que concordar com um ditado popular que sempre ouvi da mãe: "Filhos criados, trabalhos dobrados". rsrrrss. Mas esse é meu melhor papel.
Não vou cobrar, mas confesso que já sonhei com vc grávida e ficarei imensamente feliz ao receber essa noticia...
Beijosssssss
Cláudinha