segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Verdades que não nos contaram...

Já conheci muitas versões para o significado da palavra amor. Algumas românticas, outras pessimistas. Por vezes, cercada de ilusões cor-de-rosa ou nebulosamente desesperançadas. Esse é mesmo um sentimento que nos leva a extremos.

Confesso que eu mesma já ensaiei muitas teorias sobre relacionamentos. Mas, agora, percebi que eram todas superficiais. Nada como o casamento para fazer você mudar conceitos e mostrar que tuuuudo aquilo que você acreditava e se orgulhava em saber... Na verdade, não sabia. Sua sapiência não valia muita coisa.

Nessa semana comemoramos nosso primeiro ano de casamento, tempo suficiente para descobrir verdades que ninguém nunca havia dito sobre amor e relacionamento.

Sim! Falaram algumas coisinhas, mas ninguém foi a fundo e rasgou o verbo. Ninguém havia dito que para viver a dois (viver mesmo, não apenas passar os fins de semana) era o mesmo que fazer um intensivo para monge budista.

Verdade seja dita... Os pais e amigos nos dizem apenas do básico. Alguns inimigos podem até tentar nos alertar, num gesto de solidariedade, mas, vindo deles, logo interpretamos o conselho como praga.

Vejamos... Nos falam sobre a paciência para lidar com as diferentes maneiras que homens e mulheres “tratam” a toalha após o banho; ou para a antagônica forma de compreender a utilidade da tampa do vaso sanitário. Lendas que ouvimos desde pequeninos.

Alertam para aquelas bobagens de (des) organização, de chinelos pela casa, de meias largadas no escritório e outras pequenas coisinhas. Mas, há dezenas de detalhes que acabamos por descobrir na marra.

Por exemplo, ninguém tem a coragem de falar que você terá que abrir mão do seu egoísmo, aquele que você cultivou por tanto tempo e que hoje mais parece uma trepadeira a sugar toda sua educação e companheirismo. Ahhh... Ninguém fala que vamos ter de matar nossa “plantinha”. Tão desumanos.

Ninguém diz que você vai ter de reavaliar os conceitos de orgulho e amor próprio, ou diz? Dizem que você vai ter de aprender a ceder? Nana nina não. Não dizem mesmo.

Nossas mães nos orientam sobre as habilidades e os talentos que devemos ter enquanto mulher, profissional, dona de casa e mãe. Mas elas comentam que, além disso, devemos ter o dom da psicologia canina? Não.

E os pais? Aconselham os filhos sobre o papel provedor e protetor que devem desempenhar na família. Agora, por um acaso, dizem a eles que não se casam com uma, e sim com duas mulheres? Uma na fase da progesterona e outra do estrogêneo? Mulheres que num minuto são meigas e no minuto seguinte se transformam em filhotes de diabo da tasmânia. Isso ninguém diz aos pobres coitados.

E o pior... Ninguém nos fala que com o casamento você perde o título de “Dono da Verdade”. Anos de vaidade e pretensão jogados fora. Tanto tempo cultivando a arrogância e para no final das contas descobrir que existe outro dono ou dona desse posto. Séculos de enganação.

Acho que, na verdade, ninguém tem a coragem de admitir que “milhões de pessoas desperdiçam um bocado de energia tentando desesperada e inutilmente ajustar a realidade de suas vidas à realidade do mito (o mito do amor romântico)”.

Poxa, não seria mais fácil dizer que há dias em que você irá odiar o ser amado e outros onde irá contemplá-lo, como se fosse a uma das maravilhas do mundo? Dias em que ele (ou ela) não estará tão belo ou romântico e outros em que dirá a você mesmo: “Nossa, sou uma mulher de sorte”.

Deveriam nos dizer que a discordância é saudável e que vocês podem ser felizes juntos, sem serem dependentes do amor do outro. Eles poderiam ser mais objetivos e dizer que o casamento é uma excelente oportunidade para descobrir mais sobre você mesmo.

Bem, talvez não adiantasse muita coisa. Talvez não conseguíssemos compreender a complexidade desse sentimento, sem vivenciá-lo. Talvez não fosse possível entender que mesmo com tantas “ilusões” partidas, tudo isso vale a pena.

8 comentários:

  1. Pois é menina, casamento é isso mesmo!!! E como diz a minha sogra o que vale custa!!!

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  2. Fabricia,

    No livro novo do João Ubaldo (O albatroz azul), há uma frase maravilhosa e absolutamente reveladora. O personagem principal, Tertuliano, está acordando junto com os galos da manhã... "Ignora-se o que, nessa calmaria antes do nascer do sol, pensam os grandes velhos como ele e ninguém lhe perguntaria nada, porque, mesmo que ele se dispusesse a responder, não entenderiam plenamente as respostas e dúvidas ainda mais profundas sobreviriam de imediato, pois é sempre assim, quando se tenta conhecer o que o tempo ainda não autoriza."

    Bjs,
    Verônica

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  3. miga da paz fabricia, bom dia.
    o bom é que você pode ter várias experiências
    de amar nas diversas fases do mistério da vida.

    muita paz

    everardo

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  4. Bem... após este texto... o que me resta é apenas concordar com tudo e principalmente, que apesar dos dias de carência, de TPM, de intolerância, de impaciência, todos os outros restantes valem a pena, e até mesmo, estes que trazem coisas que não gostamos, porque eles nos permitem aprender cada vez mais. O casamento é a união de duas pessoas que precisam se ajudar. É o momento de compartilhar um grande aprendizado, o amor e o respeito ao próximo. Com isso, todo o resto fica fácil... ainda que seja desafiador. Casar é maravilhoso, é doação, é entrega e, muitas vezes, entrega nossa com sentimentos que desconhecíamos antes ter. É compartilhar lágrimas e sorrisos, caras feias e felicidade a dois, raiva e amor, é o dia, complementando a noite e a noite sendo necessária após o dia. Duas coisas tão diferentes, dia e noite, sol e lua, mas que se auxiliam mutuamente.

    Parabéns, amiga! Que você e seu amado tenham anos infinitos de muito amor, aprendizado e sabedoria!!!

    Isis Correia

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  5. Oi Fabi!!!

    Bom saber que vc voltou e como sempre, arrasando com seus textos.
    Esse..a mais pura verdade,rsrsrs.
    Sucesso!

    Deborah Feiden

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  6. Querida amiga,
    Em primeiro lugar, parabéns pelas bodas de algodão ou papel, merece comemoração!!!
    Em segundo, foi muito feliz nas suas colocações, quanta coisa descobrimos na convivência a dois. Sem querer ser piegas, conviver, é mesmo uma arte, que cada um vai se aperfeiçoando com a prática.
    Há os que sabem aproveitar para aprender, amadurecer e crescer, outros querem medir forças, competir e ganhar.
    Sabemos que não existe receita, cada um encontra sua fórmula. Diante dos momentos "que odiamos" devemos lembrar do esclarece a nossa maravilhosa Doutrina e agir com sabedoria e serenidade. É bem verdade, que na maioria das vezes não conseguimos, mas o importante é não desistir e saber curtir também todas as delícias da vida a dois...Concluímos com unanimidade, VALE A PENA!
    PS: Você "arrasa" nos textos!

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  7. Fabi,
    Esqueci de assinar, vai desculpando minha ignorância virtual. Estou inaugurando minha participação em blogs, rrsrsrrss.
    O comentário acima é meu.
    Beijos
    Cláudinha

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  8. Fabi,
    Mesmo com pouco tempo de casório vc. já percebeu muitas situações, atitudes e comportamentos que fazem muita diferença na vida a dois. Existem pessoas que passam pelo casamento e não tem esta percepção.
    Se com um ano vc. já está dando esta aula, imagina daqui a alguns anos?
    A vida a dois é um aprendizado diário, sendo que algumas lições, com o passar do tempo, a gente tira de letra.
    Estar aberta e ver o lado bom das pessoas e situações, nos ajuda a ter uma relação que vale a pena.
    Parabéns pelo texto.
    Beijos,
    Renata Duarte

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