quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O inevitável

Algumas coisas que lemos, vemos ou vivenciamos nos incitam o pensamento de maneira inevitável e nada corriqueira. Uma frase lida na noite passada causou esse efeito em mim. O autor do livro dizia que nem todas as pessoas conseguem “tolerar a dor de uma consciência mais plena”.

Parei por alguns segundos para refletir sobre aquilo e logo minha mente, aflita por racionalizar as coisas, ponderou: Então se essa plenitude é dolorosa, por que buscá-la? A que fim leva esse caminho? Até onde devemos sofrer e evoluir? Não dá pra simplesmente ficar aqui, quietinhos no nosso cantinho, sem grandes pretensões?

E como quem estava de posse do efeito que suas palavras causariam nos leitores, linhas abaixo, o autor, um psiquiatra norte-americano, arrematava: “Se você faz essa pergunta talvez não saiba o bastante sobre a alegria”.

Então fiquei pensando sobre alegria e plenitude. O que significa cada uma dessas coisas?
Acho que não temos como qualificar. Afinal, cada vida traz uma experiência e agrega a si valores que são intransferíveis.

De certa forma, me identifico com as palavras do tal psiquiatra, quando pensamos que a plenitude está em nós mesmos, na consciência de quem somos e de nossas ações. Notem que não me referi a domínio, mas a consciência, sem máscaras e subterfúgios. Afinal, ter conhecimento sobre nossas ações e reações é fundamental para vivermos sem sermos engolidos.

Mas por que isso que parece tão simples causaria dor? Por que evitamos ver o inevitável, o que faz parte da nossa natureza? Será que precisamos redescobrir o valor da expressão “amor próprio”?

Parece que passamos tanto tempo buscando essa plenitude (ou alegria) do lado de fora que perdemos o caminho que leva para dentro e por vezes pairamos num tremendo vazio. Passamos tanto tempo tentando construir um eu ideal, capaz de ser agradável e aceito pelos outros, que esquecemos quem somos.

Reproduzimos comportamentos ancestrais porque sermos nós mesmos parece algo anormal. Vai entender! Parece mais fácil fingir, negar e tentar encaixar-se no padrão de eficiência e beleza que alguém, um dia, nos disse ser o ideal das pessoas bem sucedidas. Será mesmo mais fácil?

Há pessoas que se empenham tanto nesse papel e não percebem que o esforço por manter a máscara é imensamente mais desgastante que a dor de nos aceitar como somos. Sim, porque essa dor é passageira, mas a aparência... Essa precisará de manutenção sempre.

Esse mesmo “sujeito” citado acima fala de quatro caminhos para alcançar a consciência plena: adiamento da gratificação, aceitação da responsabilidade, dedicação a verdade ou realidade e equilíbrio. Mas, isso é assunto para outra ora...

Um comentário:

  1. Bom, amiga, não podia deixar de te enviar umas poucas palavras após ler o que escrevestes nos dias 16 e 17 deste fevereiro quente de 2010. Primeiro, que me identifiquei totalmente com o que escrevestes, inclusive, ou principalmente, com os questionamentos e as afirmações. Traduziste em palavras simples e frases sintéticas o universo complexo do ser humano. Parabéns! Em segundo lugar, fico feliz que voltaste a fazer coisas que te faziam, te fazem e te farão feliz! Precisamos conversar, pois também voltei a fazer isso na minha vida. Por fim, pensei muito em você nessas últimas duas semanas. Estou com saudades da minha "madrinha". Vamos ver se voltamos a fazer uma coisa boa pra ambas: nos encontrarmos, não apenas em pensamentos, mas ao vivo e em cores, como fazíamos. Cuide-se!
    Lúcia Hidaka.

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