segunda-feira, 8 de março de 2010

Ter ou não ter...

O post da semana passada causou certo frenesi. Mas isso já era de se esperar, pois toquei num ponto um tanto delicado. Afinal, com mãe não se mexe, não é verdade?

Até que uma amiga, daquelas que me inspiram a maternidade, levantou a seguinte questão: “E aqueles casais que optam por não ter filhos? Porque você não fala deles?” Ela estava um tanto abusada, é verdade. Mas amiga tem esse direito.

Pensei, pensei, pensei... o que a danada queria dizer com isso?

Tendo a mim mesmo como exemplo, passei a refletir sobre o assunto e muitas coisas vieram à mente.... Será que não ter “rebentos” seria uma opção egoísta e conveniente?

Para alguns talvez seja. Afinal, maternidade (ou paternidade) é um sacerdócio. Dentro das minhas crenças pessoais, os filhos são seres que nos foram confiados para que possamos ajudá-los a crescer, em todos os aspectos. E como dedicar-se a tal missão enquanto nossos interesses estão voltados para questões ainda egoístas e de satisfação a curto prazo?

Olhando por esse ângulo, não tê-los pode ser egoísmo sim. Ou pode não ser... Há pessoas que simplesmente adotaram outras prioridades na sua lista de realizações pessoais. Há casais, mais iluminados, que conseguem transcender nossa pequenina noção de família e se realizam dedicando-se a outras pessoas, anônimas ou não.

Por mais que pense no assunto só consigo voltar à mesma pergunta: o que, verdadeiramente, nos motiva? O que buscamos?

Crianças são lindas! Talvez nenhum outro ser no planeta tenha tanta habilidade para aproximar e reconciliar pessoas quanto esses pequeninos. Sabiam que uma gargalhada dessas “fadas” disfarçadas de pequenos mortais pode ser terapêutica?

Mas, para que crianças cresçam emocionalmente saudáveis é preciso provas de amor, diárias. E não me refiro apenas aos afagos na cabeça, beijinhos de boa-noite e noites em claro.

Amor significa esforço, esforço demanda tempo e, normalmente, desgasta. Saber ouvir faz parte do esforço da atenção. Para ouvir, precisamos renunciar ao nosso tempo, concentrar-se e experimentar o mundo de quem fala, ainda que seja muito diferente do nosso. Isso é amor.

Acontece que nem todos estão dispostos a isso e optam por não se arriscar. Egoísmo, medo, insegurança, momento? Não sei... Deixo a avaliação para vocês.

Mas não acredito que haja uma “fórmula” certa, tipo “se casou, tem de ter filhos”. Felicidade e realização são muito subjetivas para serem taxadas.

E... Para aqueles que duvidam... Sim! Pretendo ter filhos. Um ou dois! Apenas não sei quando. Por enquanto, estou no empenho por ser menos “general” e mais humana.

Um comentário:

  1. Fabrícia!
    que vê-la de novo, mesmo que através de seus escritos, que diga-se de passagem tão bem os faz.
    Filhos, assunto polêmico e sem resposta. "Filhos melhor não tê-los, mas se não tê-los como sabê-los?”. A famosa frase do poeta maior Vinícius de Moraes é de indescritível beleza, e reflete com profundidade a alegria de se ter filhos à nossa volta.
    Beijão
    Milena Marinho

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