terça-feira, 19 de junho de 2007

Uma nova história... 70.3

Faltando 89 dias para o Ironman 70.3 (e 88 pra entrar nos 30) começo a sentir o tal friozinho na barriga e um monte de outras sensações.

A primeira vez que ouvi falar nessa prova nem de longe imaginava um dia vir a participar dela. Aliás, o triathlon não era uma modalidade que me agradava. Além de considerá-lo elitista, nunca tive vocação para esportes que exigissem força física. Aquela sensação de que seu coração vai saltar pela boca ou de que a qualquer momento você pode ter um ‘piripaque’ e parar de respirar... Me deixa em pânico. Prefiro sentir o coração confortável. Devagar e sempre, esse é meu lema... E de preferência com desafios e superações, para apimentar a conquista. Por isso sempre preferi as modalidades que exigissem mais resistência e concentração do que explosão.

Mas, em 2006, tive a oportunidade de conhecer a outra vertente desse esporte. Em meados de junho, Júnior (o treinador) havia ligado para comentar que três amigos, que moravam em Maceió, iriam à Brasília participar do Ironman 70.3.
- Ótimo! Diz a eles que podem contar comigo pro que for necessário.

Não adianta tentar explicar. Para entender o que se passa em um Ironman, é preciso estar na prova. E pra não repetir toda história, quem tiver curiosidade de saber o que aconteceu naquela época, pode acessar os textos antigos... 70.3 do começo e 70.3 – 2ª parte.

Foi depois de vivenciar aqueles dias que minha opinião sobre o triathlon começou a mudar. Descobri que nem tudo nesse esporte era apenas força física e que havia provas que exigiam além de resistência, muita paciência e perseverança.

O desafio despertou meu interesse, mas, mesmo assim, nem de longe cogitava a hipótese de vir a fazer um Ironman.
- Nadar 1.900 m, pedalar 90 km e correr 21 km... Tudo de uma tacada só ? Tá maluco!
Dizia aos amigos que me encorajavam ao desafio (e olha que estou falando o Ironman 70.3, ou seja, metade da distância do Ironman. Multiplica isso por dois e veja o que é desafio de verdade).

Bem, 2007 chegou e lá vai eu parar para pensar no que estabeleceria de metas, objetivos e desafios para os próximos 12 meses.

Como o ano anterior havia sido de muitas conquistas profissionais, sabia que a tendência para 2007 era de certa estabilização. Mas, de espírito inquieto, tinha de estabelecer algum objetivo que pudesse por em prova minha capacidade de superação.

A essa altura o esporte já havia se tornado um ‘vício’... O Ironman era algo que desafiava... Ou seja, a fome e vontade de comer estavam ali, bem juntinhas. Só faltava um empurrãozinho.
- Você tem medo de que? Já fez uma corrida de aventura de 24 horas e acha que não vai dar conta de uma prova de seis horas?

Bem, o resultado a provocação, feita pelo Júnior, vocês já podem imaginar.
Quando descobri que a prova de 2007 seria no dia 16 de setembro – um dia depois de completar 30 anos - decidi que esse seria meu presente de aniversário. Trintão em grande estilo.

Já sei... Você pode estar pensando que grande estilo é uma festa de arromba ou uma viagem maravilhosa. Tudo bem, também adoro por o pé na estrada, mas.... Viva as diferenças!!!

Desde a decisão até hoje, já se vão nove meses de treinos. Puxa, uma gestação!
Há amigos que admiram a coragem, há outros que me acham maluca. Sem problemas! Há horas que também acho.

Todas as vezes que acordo às 4h30 da manhã para pedalar 70, 80, 90 km, em baixo de chuva, nos domingos em que saio de casa para correr 35 km ou quando no meio de um treino sinto as pernas queimarem... Paro... Penso... E aí? É isso? Tem certeza?
Quem, em santa consciência, faria o mesmo?! Bem, eu e mais um bando de oito ou dez adoráveis ‘malucos’ que vez por outra treinam comigo.

Se você não pratica esporte, provavelmente não entenderá o que vou dizer. Acontece que o prazer desse ‘vício’ supera qualquer cansaço físico, que, aliás, é passageiro.

Mas, quando alguém se propõe a encarar um desafio que vai exigir treinamento e dedicação (sem falar da paciência, tolerância, perseverança, etc., etc., etc.) nem tudo são flores, por mais motivado que você esteja.

Se há momentos onde o treino é uma diversão, com direito a brincadeiras durante o pedal ou entre as braçadas na piscina... Horas em que, ao vencer uma barreira, você se sente a própria Mulher Maravilha ou o Wolverine... Também há momentos de preguiça, de tédio, de dúvida, de aborrecimento, de insônia e de cansaço mesmo. Ahhhh... E quando esses momentos se misturam a rebeldia dos hormônios femininos... Xiii... Sai de baixo!

Confesso: Já houve domingo em que troquei o pedal por uma manhã de praia. Dias em que dei uma ‘arrumadinha’ nos horários para não perder a ‘farra’ com os amigos. Outros em que, sem culpa, matei o treino da manhã para ficar um pouco mais na cama. Tudo pra ter a certeza de que não havia pirado de vez e que esse ‘vício’ não havia sufocado outros prazeres.

De uma forma ou de outra, todos esses momentos só deixam ainda mais flagrante o fato de que o ser humano é movido por fases e pior do que vivenciar essa montanha russa de emoções é a sensação de ter abandonado um projeto no meio do caminho. E isso acaba valendo para todas as outas coisas da vida.

3 comentários:

  1. Lindo o seu texto, é isso mesmo o que o esporte nos proporciona... Ah o esporte!!! Torço muito por você nesse desafio. "Desistir nunca, retroceder jamais, conquistar sempre". Fique em paz e bons treinos.

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  2. Pois é Mi... desistir jamais!!!
    Lembro de quando nos conhecemos.... horas e horas perdidas no meio do mato, numa prova de corrida de aventura... Isso está no nosso sangue, né mesmo!
    Beijo grande!

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  3. Parabénssss amigaaaaa! Pelo texto e pela determinação!
    É isso aí, vamos "sangrar nos treinos para poder suar na competição"! (Forte essa em?!rsrs)
    Tenho que confessar que tinha o mesmo pensamento quanto ao triathlon, o tal "coração na boca", mas, ultimamente, venho pensado seriamente em minha 'iniciação'. Quem sabe não treinaremos juntas!rsrsrsr
    Bjoca no coração.

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