terça-feira, 26 de setembro de 2006

Os bastidores...

Agora tem o outro lado da história... Aquele que não tava na primeira versão do Super 40. E talvez os bastidores seja mesmo a parte mais divertida disso tudo. Porque a corrida em si dura pouco, então o recheio é o que acontece ante e depois.

Bem, fui a primeira da equipe a chegar à Esplanada, ainda sem acreditar que realmente teria de ficar ali, simplesmente embaixo da chuva. Mas não demorou muito e Vinicius liga: "Cadê você mulher?

Ele já tinha se adiantado e arranjado um lugar coberto próximo ao guarda-volumes, ponto que acabou virando o local de concentração da equipe. As 7h30 a expectativa era saber onde estava o nosso capitão, Murilo. A entrega dos chips já estava pra encerrar e nem sinal dele. Mas Murilo, que não marca bobeira, já havia se adiantado e quando nos encontrou estava com tudo em mãos.

Daí por diante a pergunta era: será que todo mundo vai chegar? Já eram 7h40 e a prova começaria às 8h. Mas, para o nosso alívio, aos poucos nossos companheiros de equipe começaram a sair da toca. Geraldo, Alex e Rafael... Depois Sávio e Adriano. Mas, faltando 10 minutos pra largada ainda não havia nenhum sinal de Pedro e Carlos. A falta deles poderia ser suprida por qualquer um de nós; teoricamente bastava pegar o chip e corremos no lugar deles. Mas não era apenas isso... O problema não era a falta de dois corredores... Importava ter todos juntos ali. A expectativa continuava.

Havia a promessa de termos ali, entre a nossa “imensa” torcida organizada, o Morelli. Ele, o maior “pitaqueiro” de todos, estava mais curioso do que qualquer um de nós para saber como seria a prova. Passou a semana toda falando da nossa estratégia (que nem tínhamos) e apostando em resultados. Tudo bem... É justificável... Afinal, quatro dos 10 integrantes da equipe trabalham com ele. Mas acontece que Morelli, apesar de surfista (assim reza a lenda), é um amante da cama e pra ser honesta nem contava com a presença dele ali... Tão cedo... Ainda mais sob chuva.

Faltando pouco para largada ele manda uma mensagem: "De baixo de chuva é duro ir pra ficar assistindo. Tem lugar coberto ai?”. Talvez ele estivesse esperando ouvir um “não”, mas fui enfática: “Tem. Venha”!

Murilo, o primeiro a largar, já estava na rua e ainda não havia sinal algum do Pedro e Carlos. Adriano nos avisou que o Pedro havia levado o filho para casa de sua mãe e estava a caminho. Mas e o Carlos?

Savio liga:
- Alô! Carlos? Cadê você? Está dormindo?
- Tô... Quando for 7h você me liga de novo.
(já eram 8h da manhã e ele achava que era noite)

Fabrícia liga:
- Alô! Carlos? Você está dormindo?
- Não...

- Carlos, invertemos a ordem dos atletas. Você vai largar mais cedo. Sai já dessa cama e vem pra cá.
- Não... você tá brincando...
- Não tô não! Vem agora. A prova já começou.

Carlos foi a “sensação” da prova. O figurinha havia chegado em casa às 5h da manhã. Detalhe que só ficamos sabendo mais tarde.

No geral a competição foi organizada. Cada atleta tinha a hora exata de ir para área de transição, para evitar tumulto. Ali, enquanto esperávamos, havia uma aposta geral nos tempo (tudo na brincadeira). Segundo Morelli, Sávio e Carlos tinham por “obrigação” fazer um tempo menor que do Murilo. Alex Cuevas foi advertido pelo Geraldo: "Pangaré, quero menos de 15’, ouviu"?

Brincadeiras a parte, o fato é que de fome ninguém ali iria morrer. Alguns de nossos atletas haviam levado um super-mega-power kit de suprimentos... banana, biscoito, banana, água, banana, maça, banana... Tudo bem que eles seriam os últimos a correr, mas não precisava tanto.

Murilo chegou com 22:17. Vinicius, nosso segundo corredor, já estava na rua quando finalmente apareceu o Carlos. Estranhei o abraço, os beijinhos, a falação... e só fui entender depois.

Vinicius fechou com 22h01min. Geraldo e Sávio foram pra rua e cumpriram muito bem seus papéis (21:18 e 21:33). A próxima seria eu e não tive com evitar aquele famoso friozinho na barriga. Afinal, largada é sempre largada. Sempre haverá expectativa. Bem, fui lá e fiz também fiz minha parte. Fechei a volta com 18:34 e passei a braçadeira pro Carlos, que estava "animadíssimo". Verdade seja dita, ninguém dava muito pelo seu desempenho. Carlos estava entre o grupo de sedentários com orgulho. Mas acontece que, surpreendentemente, o rapaz fez os 4 km em 18:10. Morelli, que já estava entre nós fazendo o ranking do povo, ficou boquiaberto.

- Rapaz.... o que foi isso Carlos? O que é a juventude hein?

Depois de resultado tão fantástico, descobrimos que ele – Carlos - estava literalmente dopado. Nas veias havia mais álcool que sangue. O que explica a animação exagerada. Claro que se soubesse disso antes, não teria o deixado correr. Mas depois do fato consumado... fazer o que? Virou chacota.

Depois da corrida, logicamente que ele colocou o álcool pra fora de todas as maneiras que se possa imaginar. Recebeu, ali na grama mesmo, o cuidado “afetuoso” do amigo Sávio e de um desconhecido que se compadeceu com sua situação e, sem muito que fazer, ofereceu-lhe laranjas. Logo logo o rapaz estava recuperado.

Daí por diante foi esperar os meninos completarem a prova. O duro é que depois do resultado do Carlos, todos tinham quase que a obrigação de baixar aquele tempo alcoolizado. Rafael, Adriano, Pedro fecharam em 20:20, 19:59 e 20:04n, respectivamente. E nem Alex conseguiu a proeza de superar Carlos, fechando a volta em 18:10 e a prova em 3h27.

No dia seguinte, no trabalho, ao saber das novidades, Rosana ria enquanto Marcos protestava: "Pooooxa, se soubesse que era tão divertido assim eu teria ido". E a pergunta ficou no ar... Sóbrio, Carlos se sairia melhor ou pior?

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