Desde o acordar, já havia certa contrariedade no ar. Não queria voltar para casa ontem. Tinha ido para Maceió a trabalho e os planos eram ficar no fim de semana também. Rever os amigos, ficar um pouco mais de tempo com meus pais. Mas, não consegui remarcar a passagem. Aviões lotados. Reflexo de férias escolares. Para conseguir transferir a data da viagem teria de pagar mais de R$500,00 pela diferença de valor. Mais de R$1.000,00 estava custando o bilhete pela TAM. “Bendito” monopólio.
Sem muito o que fazer, e como não havia conseguido fazer o check-in pela Internet, preferi chegar no aeroporto com certa antecedência e garantir uma vaga na frente. A idéia era sair do avião o mais rápido possível e chegar em casa bem depressa. Vôo marcado para 15h30, às 13h40 estava com o bilhete na mão.. poltrona 1B. Primeira fileira, mais espaço. Excelente!
Mas... como aquele não era meu dia... não seria tão simples assim. Descobri que de nada adiantou me adiantar. A começar pelo atraso no embarque, que só aconteceu às 16h17. Engraçado é que nem mesmo haviam anunciado o embarque e o painel do aeroporto já informava: vôo 3577 – Brasília - Ultima chamada.
Quando chamada, fui me encaminhando ao avião. Antes de entrar, constatei mais uma vez que o glamour dos ares não é mais o mesmo. A recepção era feita por um comandante barrigudo e aeromoças com a maquiagem tão carregada que poderiam participar dos desfiles excêntricos da Fashion Week. Sem falar no cabelo repleto de “goma” (laquê? gel?...Sei lá o que!)
Ao entrar no avião, vi que havia um indivíduo no meu lugar. – “Moço, este é meu lugar”. Tratava-se de um casal “cara de pau” com um bebê de colo. – “Você se importaria de trocar de lugar? É que estamos com a neném... blá, blá, blá.”
Crianças sempre nos tocam e os pais deviam ser processados por usá-las em próprio proveito. Sem pensar muito bem, aceitei. – “Mas em que lugar devo sentar”? – “Pode ser no 22D”.
Não podia ser tão ruim assim (pensei). Respirei fundo e fui caminhando lentamente pelo corredor. O número 22 não chegava e percebia que estava cada vez mais distante de sair rápido daquele avião. Percebi também que a letra “D” referia-se aos acentos do meio. A raiva foi aumentando. Entre quem eu sentaria? Seria esmagada?
Final do corredor. Isso mesmo, os acentos 22 eram os últimos do avião. PQP! PQP mil vez! E pra completar... havia alguém sentado no tal 22D. A aeromoça Joyce estava em pé e me dirigia a ela. – “Acho que temos um problema”. Expliquei o fato. Estava com tanta raiva que falava manso e baixinho. Muito simpática ela sugeriu o acento 22B, mas esclareceu que eu não era obrigada a fazer a troca e que ela poderia pedir para que o casal voltasse para sua poltrona. Pensei na criança, no vôo que já estava atrasado e no fato de não estar disposta à encrenca. “Bendita” educação familiar!
O fato é que troquei a primeira poltrona pela última! Bela troca! Mas o pior estava ainda por vir. Depois de me acomodar, percebi que estava num “ônibus leito com asas”. Olhei para o lado, não haviam janelas. Nem uma chance de ver o céu para aliviar minha raiva contida. Num lamento... abaixei a cabeça. Um buraco no braço que dividia as duas poltronas, o chão sujo de migalhas e papéis me desanimaram mais ainda. Ergui a cabeça, respirei fundo.... e... veio então aquele cheiro desagradável do banheiro. E eram dois... bem ali, a pouco mais de 1m de distância.
Fechei os olhos, tentando me abstrair daquela situação. Mas, ao ligar o motor da aeronave.... não acreditei... estava sentado sobre ele. Barulho ensurdecedor. Quando o avião começou a se mover, as aeromoças saíram apressadas fechando os bagageiros superiores. Situação no mínimo estranha!
Será que aquilo poderia piorar? Poderia sim! Nos cinco primeiros minutos o passageiro a minha frente reclinou sua poltrona. Um palmo era a distância que faltava para encostar no meu nariz. Aos poucos a situação começou a ganhar proporções. Percebi que tranqüilidade era tudo que não teria naquele vôo. O entra e sai de pessoas no banheiro era constante. Além do trânsito, algumas se encostavam à minha poltrona, quase sentadas ao meu colo, enquanto esperavam o banheiro desocupar. Sem falar que ali era também a copa onde as aeromoças arrumavam as refeições que seriam distribuídas durante o vôo.
E foi assim durante as quase 2h15 de viagem naquele “ônibus com asas”. Pela primeira vez me arrependi de manter a fidelidade àquela companhia aérea. Desde o check-in (pela falta de informações) até a restituição demorada da bagagem. É nessas horas que sinto falta da concorrência de mercado. Será que reclamar adianta?
domingo, 16 de julho de 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Me lembrei duma viagem Rio/SP/Orlando num avião fretado da Vasp por uma agencia paulista. Pra economizar (supunha..o verbo supor não é de todo mau mas a conjugação..) ridículos dólares acabei na maior roubada. Era como se estivesse num ônibus da viação Itapemirim que tempos atras fazia rota Bahia/Sudeste pelo interior complicado das regiões brasileiras. Só faltaram aqueles animais que abarrotam lotações mambembes retratadas em filmes sobre latinos do sul e centro América.
ResponderExcluir