domingo, 30 de dezembro de 2007

Lá vem ele

“Para você ganhar um belíssimo Ano Novo... tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo”.

Então, meus amigos, por favor, sem choramingo pelo que não deu certo em 2007. Vem ai um ano novinho em folha para todo mundo, sem distinção de cor, idade, nacionalidade, sexo ou gosto musical. Serão mais 365 dias para refletir, corrigir, construir, inovar, acreditar, aprender, ensinar, dividir, doar, tolerar, falar, calar, desprender-se, libertar, rir, perdoar, amar, enfim... Começar (ou recomeçar). Mas não se enganem... Desses todos, também haverá dias de choro, sofrimento, indignação, irritação. Dias para de errar, cair, magoar, pedir desculpas... Como todo bom e teimoso humano.

A receita para acertar em 2008? É simples (e tão complexa)... não tenha medo! Não tenha medo de abandonar o “homem velho”, de olhar para si, de corrigir rumos, de desafiar-se, de mudar. Afinal, nada no universo é estático, então por quê a acomodação? Reveja seus valores, atitudes e pensamentos. E quando estiver em dúvida sobre o melhor caminho a seguir, ouça o seu coração... Não tenha medo de amar, de amar-se. Não tenha medo de acreditar em anjos.

Para todos nós... um 2008 repleto de mudanças. De fé, amor!
Ah! E antes de 2007 termine, vá à sua “despensa” e observe os “prazos de validade”. Lembre-se que “sentimento guardado azeda por dentro”.

Receita de Ano Novo

Para você ganhar um belíssimo Ano Novo
Cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com o tempo já vivido (mal vivido talvez ousem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, recomendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha...

Não precisa fazer lista de boas intenções, para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependimento
Pelas besteiras consumadas
Nem parvamente acreditar
Que por decreto da esperança
A partir de janeiro as coisas mudem
E seja tudo claridade, recompensa,
Justiça entre os homens e as nações,
Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que
não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
Cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 23 de dezembro de 2007

24h de que?

Quem já passou 24h em uma corrida de aventura – correndo, pedalando, remando, nadando – pode sobreviver tranquilamente a algumas horas de natação, certo?
Sim!!! Sobreviver, sim! Mas... Tranquilamente? Aí já é outra história.

Quando o Júnior perguntou se iria participar do Desafio 24h de Natação ele não sabia que estava usando uma palavra mágica para me convencer a encarar a competição : DESAFIO.
- Mas como é a prova?
- Simples. São 24 horas nadando. Vence a equipe que fizer a maior distância durante esse tempo. Serão oito equipes e cada uma pode ter até 30 pessoas. Você só precisa dizer em que horários pode nadar.


30 pessoas... 24 horas... Fácil! Só precisava escolher uma horinha (ou mais) que não chocasse com os outros compromissos que teria naquela sexta-feira. Seria só mais um dia de treino de natação, dessa vez em um lugar diferente. Seria... se fosse.

Ao chegar ao ginásio onde estava sendo realizada a competição fui logo percebendo que aquilo não era algo tão simples como eu havia pensado. A primeira imagem foi uma arquibancada lotada de atletas, familiares e curiosos. Metade dela colorida de vermelho e amarelo. Era a equipe do Corpo de Bombeiros, incluindo alguns companheiros das corridas de aventura – Tavares, Marcelinho e André.

A prova havia começado há pouco mais de uma hora e a nossa equipe (Iate) estava em terceiro lugar, a 450m da segunda colocada (Nadart). Em primeiro estavam os bombeiros, ou melhor, a tropa de elite aquática do CB... 600 metros a nossa frente.

Sem dúvida e nem falsa modéstia, tínhamos os melhores nadadores da competição. Mas o fato de não estarem todos ali, durante as 24h, fez uma grande diferença. Enquanto o CB tinha todos seus nadadores no ginásio, as demais equipes eram formadas por “atletas” que dividem o tempo dentre esporte, trabalho, casa, etc. Mais pessoas em um equipe, na prática, significava que os nadadores teriam mais tempo para descansar e assim poderiam render mais.

Com essa vantagem competitiva, o CB adotou a estratégia de fazer revezamento de 50m. Ou seja, se quiséssemos diminuir aqueles 600m de diferença teríamos de nadar um bocado. Só não imaginava que fosse tanto. Enquanto eles tinham 30, nossa equipe mantinha uma média de 4 a 5 pessoas/hora se revezando na piscina. Isso na teoria. Na prática, houve momentos de desfalque, o que acelerou o processo de desgaste dos nadadores. Porque uma coisa é você fazer uma hora de natação, outra bem diferente é você passar essa mesma uma hora usando 100% da sua força. E se for 1h30? Pois é... quando cai na piscina, às 10h30, estávamos em um desses momentos de desfalque. Preciso dizer mais alguma coisa?

Foi nessa hora que soou a sirene, anunciando que havia passado mais uma hora de competição. Junto veio um grito otimista... “Parabéns nadadores! Faltam APENAS 22h!!!" Apenas?
Nesse instante acabei descobrindo que água pode pesar tanto (ou mais) que um saco de cimento. Mesmo você estando em cima dela.

Mas o fato é que a possibilidade de nos aproximar dos bombeiros acirrava os ânimos e motivava todo mundo. Na segunda hora de prova, a diferença do Iate para a Nadart havia caído para 250m.

Enquanto isso, do lado de fora da piscina estava o Júnior, nosso treinador/professor, com celular ao ouvido recrutando reforço. Ele já havia percebido que a idéia inicial, de ter 4 nadadores a cada hora, não seria suficiente para fazer a equipe “deslizar”. Era preciso mais gente para que o nosso tempo de recuperação fosse maior.

Às 12h, quando os braços não respondiam a mente, tive de sair da água. O coração, que estava apertado em ter de deixar Alexandre, Núbia e Givaldo sozinhos na piscina, tranqüilizou-se ao ver Paulinho e Hélcio chegando para reforçar a equipe.

Mas o meu desafio não parava ali. Foi só o tempo de resolver algumas coisas “lá fora”, almoçar e voltar para a competição. Dessa vez, totalmente consciente (e preocupada) do que viria pela frente. Quantos estariam lá para nadar? Para meu alívio, ao chegar, dei de cara com a verdadeira “Tropa de Elite” da competição. A nossa Tropa de Elite. Já tínhamos nadado 31.850m e estávamos em segundo lugar, 1.200m a frente da Nadart. Também não éramos apenas quatro, mas 10. Até a Talita, que mora em Sampa e havia chegado há poucas horas em Maceió para passar o Natal com a família, estava lá para integrar a equipe, junto com a mãe e a sobrinha (três gerações de nadadoras).

Assim, Júnior dividiu os nadadores em duas equipes de 5 pessoas, que se revezavam a cada 30 minutos. Essa foi sem dúvida, a melhor estratégia.

Às 17h30 sai da piscina, novamente de coração apertado. O esgotamento já era visível e só haviam se passado 9 horas de competição. Como seria a noite e a madrugada?
Não consegui ficar em casa com essa pergunta na cabeça. Mesmo que apenas por alguns minutos, tinha de voltar para a piscina e ajudar a carregar aqueles “sacos de cimento”, o quanto fosse possível. Então, às 21h, voltei... levando comida e o que restava de força nos braços. A boa notícia é que tive um incentivo a mais... a presença do meu namorado (Júnior).

E quando cheguei... mais uma surpresa. Ao chegar, me deparei com um “mar” de gente, competindo e assistindo. Equipes elétricas e uma euforia geral, apesar de todo cansaço! O espírito de equipe estava presente e vi gente dispensando a tradicional farra de sexta-feira para estar na competição. Foram as horas de melhor rendimento, 4.950m/hora. E pra não deixar a peteca cair... água, repositor, barras de proteína, pizza, amendoim, etc, etc, etc.

Uma hora, foi o quanto os braços agüentaram. Além de não haver mais força, precisava tentar descansar, já que na manhã seguinte ainda tinha 60km de pedal e outros 12km de corrida.
Mas, em casa, embora o corpo cansado, a mente não conseguia desacelerar e o sono só chegou depois das 2h30 da manhã. Já sabia que o treino tinha ido por água a baixo, então pensei em dormir mais um pouco e ir para a piscina apenas na última hora da prova, quando toda equipe deveria estar reunida. Mas, esses planos também foram por água a baixo. Às 04h o telefone toca.
- Fabí?
- Oi Ju...
- Como você está?

- Um bagaço.
- Fabí. Estamos precisando de você.
- Ju... eu tô morta.
- A Núbia parou de vez. Não agüenta mais levantar o braço. O Raul está nas últimas. O Paulinho está nadando só para a equipe não parar. Se não vier reforço, vamos parar o revezamento.
- Parar?? Tá, tô chegando.


Não sabia como iria nadar e bateu outra preocupação... o que o Júnior (o namorado) vai pensar ? Que sou maluca? Acho que vou levar "cartão vermelho". Mas, fui mesmo assim, rezando para que ao voltar ainda tivesse o namorado.

Hélcio, que também havia sido recrutado, assumiu a piscina para aliviar os guerreiros da madruga. Raul, Paulinho e Bruno estavam apenas esperando alguém chegar para saírem da água. Às 4h30 cai na piscina e, ao contrário do que imaginava, o inimigo não era o cansaço, mas a água fria. E põe fria nisso.
Às 4h45 toca a sirene.
- Parabéns nadadores!!! Faltam só 4 horas”.
- ?? (silencio total)

Com o amanhecer o restante dos nadadores foi chegando e voltamos a ter duas equipes se revezando na água.

Às 7h45, quando mais uma parcial era anunciada, o grito de um dos bombeiros lembrou: falta só uma hora galera. Apenas 1 horinha? A partir dali, começamos uma contagem regressiva e o cansaço sumiu de vez, como um toque de mágica.

Embora não fosse mais possível alcançar a equipe do CB. Ter chegado até ali e estar em segundo lugar, já era motivo suficiente para comemorar. E parece que isso “nitrogenou” todo mundo.

Às 8h45, depois de 105.950 m de braçadas, finalmente chegamos na hora 24 daquela competição. A pergunta que rondava a mente durante a madrugada (porque eu me meti nisso?) deu lugar a satisfação de vencer mais um desafio. Semblantes cansados, dores nos braços, no abdômen, olheiras... tudo se tornou pequeno diante da sensação de superação, superação em equipe.

Queridos amigos, não tentem entender a “loucura”. Desafie-se... e saberá o que quero dizer. Parabéns... essa é a nossa Tropa de Elite.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Recomeçar

Recomeça se puderes,
E os passos que deres,
Nesse caminho duro do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances,
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

Miguel Torga

domingo, 2 de dezembro de 2007

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma.
O sonho é o que temos de realmente nosso,
de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."


Fernando Pessoa