quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Correção de rota

Quem disse que os dias quentes de verão (coloca quente nisso) e a correria das semanas que antecedem o tão esperado recesso de fim de ano precisam ser insuportavelmente tórridos e apressados. Quem disse que não podem ser criativos?

O relógio comandava as rotinas do dia recheado de reuniões onde protagonizo o papel da “chata” que cobra resultados. Fim de ano é assim. As duas horas de almoço pareciam ideais para resolver as coisinhas da vida que corre fora da empresa. O roteiro incluía: banco, almoço, um pulinho na lojinha de alimentos natureba, supermercado rapidinho e, sobrando tempo, locadora.

Mas... não foi bem assim! Digamos que houve um desvio no mapa... Bato o ponto eletrônico, desligo o monitor, saio ligeirinho do estacionamento, espero o sinal abrir, escolho o caminho da orla, dou de cara com a praia, o queixo cai. Céu azul, nem um rastro de nuvem, mar verde, calmo, reluzente, termômetro na casa dos 29°, minha casa a quatro quadras. “Dia lindo! Será que amanhã vai estar assim? E o fim de semana? Pode não estar...”

Então esqueça o banco, a lojinha natureba, o supermercado, a locadora.
Paro carro na porta de casa, subo as escadas correndo, descubro que tenho novos vizinhos e que eles têm uma menininha, jogo a bolsa na mesa da cozinha, roupas espalhadas na cama, biquíni a postos, praia, mar, céu azul, calor, mergulho, contemplação, mergulho, sorriso, mais calor, mergulho, alívio, agradecimento, sossego, alma lavada e pronta para a segunda etapa da jornada.

Diga... o que você faria..?

domingo, 4 de novembro de 2007

Encerramento

Tudo bem... Não há mesmo "contrato aditivo". Então, que venha o "termo de encerramento", por Cecília Meireles... nesses moldes:

“Não deixe portas entreabertas,
escancare-as ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas,
passam apenas semiventos,
meias verdades e muita insensatez”.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Promessas de casamento

Fim de ano, fim de ciclos? Que diachos acontece em 2007? Será que o prazo de “garantia” expirou? Não sei. O que vejo são amigos queridos decididos a mudanças... revendo valores, posturas, fazendo escolhas... refazendo escolhas. Pra quem está do lado de cá não há muito o que falar. Mas, continuaremos aqui!


Promessas de Casamento

Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre. "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?" Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.

Marta Medeiros