terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Nossa própria prisão

Às vezes nem precisamos de muitos conselhos pra sair da maré de baixo astral. Mas, egoístas que somos, insistimos em fechar os olhos para o que acontece a nossa volta e, como seres limitados, nos mantemos na prisão de nós mesmos. Assim, dondocas curam suas dores afogando-se em caixas de chocolates e rapazes tentam sufocar suas frustrações num copo de qualquer coisa. Em alguns casos cura-se a dor com um corte novo de cabelo, um estrago no cartão de crédito, um brinquedinho tecnológico... Enfim, qualquer coisa que não se sinta.

Hoje, a protagonista dessa síndrome egoísta fui eu mesma. No meu carro, a caminho do trabalho, sentia-me triste por razões pequenas, tão vergonhosamente pequenas. Era tamanho o oco no coração que nem me aborreci com a seqüência de sinais vermelhos naquele trecho de apenas dois quilômetros.
Até que em um desses sinais, minha concentração egoísta foi quebrada por uma mãe que atravessa a rua, segurando a mão do seu filho.

A fração de minutos daquela cena foi suficiente para ‘acordar’ do transe. O garotinho, com menos de 10 anos, acometido por algum tipo de deficiência, tinha dificuldades para descer o meio fio e caminhar por entre os carros. Suas perninhas tortas tropeçavam uma na outra e seu equilíbrio era mantido pela mão firme de sua mãe.

O semblante daquela criança demonstrava um desentendimento pelas coisas ao redor e uma doce ingenuidade. Que provações e que constrangimentos não passaria aquela mãe? Quantos deveriam ser os problemas daquela mulher para suprir aquele garotinho de todo o carinho e necessidades?

Confortável em meu carro, com as contas em dia, trabalho ‘estável’, uma boa e aconchegante morada, inteligência e demais capacidades no lugar... Envergonhei-me por aquela tola tristeza.

Um comentário:

  1. Fabrícia,
    "Aquela tola tristeza" é possível de acontecer dentro de você, porque enxergas muito mais além de si próprio. Sem dúvida, a maior riqueza do homem.
    Momentos de tristezas, são facilmente recuperados quando temos uma visao infinita do mundo, com seus sentimentos e ingenuidade.
    O seu trabalho, o seus amigos e tudo mais que você possui são reconhecimentos da vida para você. Então, permita-se, por instantes, ser um tiquinho triste, pois nesse tempo o sentimento do mundo anda contigo. São momentos que Deus manda de presente pra nós. Pois, Ele fala durante esses acontecimentos.
    :)

    Gosto de vc!
    Um beijo grande!

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