segunda-feira, 7 de março de 2005

Os bandeirantes

Domingão, despertador toca. Mais pra lá do que pra... tentava recapitular a noite anterior. Realidade ou apenas um sonho. Huummm verdade! Que merda! Que droga! Bati o carro e quebrei o portão da garagem.
“Meu domingo tá acabado”. Não pelo carro, que ficou inteiro, mas pela sensação de ser uma porcaria. Como alguém, sóbria, consegue acertar o portão da própria casa?

Providência do dia: desmarcar a trilha com o Tavares e esperar que Seu Gerson venha consertar o estrago do portão.

Fazer o que? Ler um livro, abrir os mails, dar uns telefonemas... esperar o tempo passar. Tudo na mais tranqüila normalidade domingueira até que, inesperadamente, uma mensagem no telefone:
“OI EXTERMINADORA DE PORTÃO! OUTROS IMPREVISTOS, VAMOS PEDALAR À TARDE. 1H NA AMERICANA. NOVA TRILHA, 2H30 DE PEDAL. VOCÊ ACREDITA? BEIJOS * * TAVARES

Que delícia. O dia não está tão perdido assim. Então, planos refeitos, 1h estava lá. O passeio prometia, “prometia”, ser leve. Mas, na companhia do Tavares, é sempre aconselhável preparar-se para algo mais.

No meio do caminho, ainda no asfalto, ao longe estava o Amorim; aliás, NOVE quilos mais magro. Trabalhando, só restou a ele ver aquelas três figurinhas passarem pela avenida.

Eu, Tavares e Pinho - “os bandeirantes” - contornando a lagoa. Uma trilha sombreada, os reflexos do sol sob as águas calmas... paisagem de cinema. Isso, claro, seu eu pudesse olhar. Por que a uma certa altura, as “emoções” do caminho, aquelas que o Tavares sempre “esquece” de mencionar, começaram a surgir.
“Agora vai começar a parte técnica”, disse. Maneira otimista de dizer: “agora vem a pior parte”.

A “técnica” se resumia a trechos, trechos e mais trechos de areia... fofa... muito fofa! Levando-se em consideração que de manhãzinha já havia corrido 10km, a areia realmente estava muuuuuuuuuito fofa. Então, nessas condições, ou olhava pro percurso ou pra paisagem.

A grande diferença entre pedalar no asfalto e no barro (ou areia) são as intempéries do caminho e a depender das companhias as emoções podem ter proporções maiores. Uma coisa é certa, eu e Pinho juntos é indício de acidente na certa. “Precisamos rever nossa relação”.

Além dos riscos da mistura Pinho e Fabí, entre os obstáculos do caminho... algumas – muitas – porteiras, bois, “vacas mijonas”, galinhas, cachorros e até um peru.

Ainda sobre os detalhes que nosso navegador não havia informado... um córrego, sem ponte ou qualquer coisa do gênero.

Fabí: E aí qual é a opção?
Tavares: “Atravessa sem parar de pedalar”.
Fabí: Como assim?

Não estava programado barro. Minha camisa branquinha... meu tênis... minha bicicleta... e minhas unhas? Sim, por que, embora às vezes eles esqueçam que eu sou mulher, essas coisas passam pela minha cabeça.

Mas, quem tá na chuva é pra se molhar e não vale atrapalhar a aventura dos outros.

Passamos um, passamos dois, três córregos e muitos areões. Aonde tudo ia dar? Dizia o Tavares que um rio.

Pra tirar a dúvida, a parada numa fazenda. “O rio fica muito longe daqui?” Pergunta Tavares para uma senhora franzina. “Fica depois da outra fazenda”, responde. Ele ainda insiste... “de bicicleta, dá quantos minutos”. “Ah! E logo aliiii”.

O problema é que o “ali” de quem mora no interior tem proporções diferentes de quem vive na “capitar”.

Mais alguns minutos... depois de 1h45 de pedal... a melhor alternativa foi voltar para tentar evitar a estrada à noite.

Meu Deus! Toda aquela areia de volta! Pinho, já exausto do areão, resolveu desbravar o mato. Não bastando um, Tavares e eu, inteligentemente, seguimos logo atrás.

Onde vamos parar? Eles eu não sabia... nem mesmo os via. Mas eu? No chão! Como uma jaca! Pra amortecer a queda... palhas, tiriricas e pedaços de troco de coqueiro.

Fabrícia? Fabrícia? O Tavares, preocupado, tentava saber se eu estava inteira... mas não consegui responder... apenas rir.

A essa altura... a batida no portão já não importava mais. Depois de tudo, pra compensar tanta trapalhada, um pôr-do-sol maravilhoso... já bem longe daquele areão. Ou quase, porque na verdade estava coberta de areia da cabeça aos pés, misturado a suor e aquela sensação de que um trator havia passado sobre mim.

Mas, é um sofrimento gostoso. Se é que alguém pode entender isso. De chato mesmo só a notícia de que o “figurinha” que eu tava de olho tem namorada.

Ah! E claro, chato também foi a ausência dos outros mosqueteiros... Marcelinho, Ismael, o "Super Amorim" - NOVE quilos mais magro.

Em casa, 40 minutos de banho e rua novamente. No Divina Gula as amigas me esperavam.. ou pelo menos, o que havia restado de mim. De lá... Alecrim e depois, Bali.
O carro? Dormiu na rua, bem longe do portão.


Pinho: Meu irmão... o que é isso? Eu não consigo pensar em outra coisa que não seja comida!

3 comentários:

  1. A fabi estragou o portão e ainda o paquera namorando que final de semana hein...
    Bom pelo menos tem mais uma aventura pra contar muuitos bjos.
    Tamara Felipe

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  2. bom quaçquer dia dizes k vais às Olimpiadas: pentatlo. E eu vou acreditar!Bjs e;)

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  3. Os bombeiros nunca foram tão felizes.
    Voce Fabí, seria a perfeita personagem pro seriado Third Watch.
    E a Luma que pensava que era boa...

    What?,
    Pedalei hoje na aula, ar condicionado, foi bom, não tanto quanto a natureza nas veias que voces curtem na maior.

    beijo,

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